quinta-feira, 20 de setembro de 2012

REFLEXÃO OU DESABAFO?

REFLEXÃO, DESABAFO OU RECLAMAÇÃO?


Vira e mexe, nas conversas, falo mal dos políticos brasileiros. No entanto, observando o comportamento da população em geral, as atitudes da mesma, em várias circunstâncias, dá-se para perceber que não temos - digamos - justificativas ou motivos para reclamarmos deles.

Os políticos saem do nosso meio. Por conseguinte, eles são nossos reflexos! Se isto não for suficiente para entendermos, então, não esqueçamos de que, estes mesmos políticos, dos quais vivemos a reclamar, são os nossos filhos, ou pais e mães, esposos e/ou nossas irmãs e etc. Numa frase: Eles são nós!

Os políticos são reflexos da sociedade! Vejamos! O cidadão comum, o empresário, o professor, um profissional qualquer, a dona de casa e etc. são os que, amanhã ou depois, estarão lá, exercendo os cargos públicos, fazendo leis, nos dirigindo, administrando e etc. Enfim, representando os cidadãos de cujo meio saíram. Portanto, são o substrato da sociedade que representam... personificam...

Consequentemente, como esperar um comportamento digno, por parte deles, se nós outros - igualmente - não os temos, em nossos círculos do dia a dia?! Duvidam?!... Então, vejamos...

Estava eu, em um pequeno supermercado de bairro, num domingo após a um fim de semana anterior, no qual determinado feriado caiu na sexta-feira. Em vista disto, sei lá!, ou se em razão deste fato, ou ainda se por este motivo, uma vez que a maioria das pessoas viajaram no final de semana anterior, não abastecendo adequadamente suas despensas, seja como for, o certo é que o supermercado estava bem movimentado, para não dizermos lotadaço.

E eu ali, naquela fila de caixa, que já serpenteava por entre os corredores de mercadorias, aguardando minha vez. Enquanto isto, aproveitando que estava ali, sem muito o que fazer, observava meus sentimentos, e, aproveitando a deixa, também observava as conversas e as pessoas, o vai e vem de outras tantas, as posturas de irritabilidade, de reclamação, de indignação por parte de uns... a intolerância... a falta de paciência... e por aí afora... de outros.

Então, nas minhas reflexões, dou-me conta de algumas situações que ocorriam ao meu lado, algo mais adiante, ou pelos arredores... Por exemplo, um casal faz o seguinte: Enquanto o marido fica numa fila, a esposa com o carinho de compras fica em outra... Aquele que chegar primeiro ao caixa, pula de fila. Como aqueles sapos que, sem medirem exatamente a extensão do problema, pulam em poça d'água aquecida pelo Sol... e... um tanto imprevidentes, são escaldados... o que os levam a pularem imediatamente para fora, quais pipocas em panelas quentes!

Outra situação: Uma senhoura, na minha frente, foi com a amiga. A estratégia delas se completa do seguinte modo: Uma fica na fila, enquanto a outra vai fazendo as compras; depois, vem até a fila e coloca os produtos no carinho da que está aguardando na fila. Aí, a primeira das amigas, fica na fila e a outra sai pelo supermercado pegando mais gêneros que lhe interessam. E assim vão revezando, enquanto a fila vai andando... Quando chegam no caixa, voilá!, pronto!, tudo resolvido! Dividem os produtos ali mesmo, no balcão do caixa, pagam, cada uma, a sua conta e problema de fila resolvido! Não podemos negar que é uma forma bem interessante (inteligente) de burlar a fila e levar vantagem.

Se estas ocorrências não foram suficientes para retratarem nossa condição moral e cultural, aqui vai mais uma. Chegando em casa, ao abrir a caixa de correios, encontrei um bilhete da vizinha do lado, dirigida ao síndico, que somos nós mesmos (moramos em um condomínio predial), com um saquinho no qual se encontrava as provas do litígio, ou dos autos... sei lá... um preservativo... usado, óbvio! O bilhete, dirigido ao síndico, pedia que o mesmo tomasse providências, solicitando aos preclaros moradores do condomínio, para não jogarem objetos em seu quintal.

Meus amigos, minhas amigas, irmãos e irmãs! Diante destes quadros, que aqui narramos, e de tantos outros, mais ou menos lamentáveis ou piores do que estes, que lhes registramos, como vamos esperar ter governantes melhores? Mais educados, mais morais, honestos e etc.? Se nós, ou seja, o meio do qual eles vieram, é exatamente este descrito, ou, em outras palavras, se cada um de nós outros somos assim?... Se nos comportamos nesses moldes? Ora bolas, diante de tal contexto, não dá para esperar nada melhor de quem representa, exatamente, este mesmo meio. Ou seja, se a maioria de nós agimos assim, da forma como estou lhes descrevendo... Esperar o quê?! Convenhamos! Para darmos, temos de ter. Se o meio não tem ou não fornece, mas, antes ao contrário, tem péssimos exemplos... Consequentemente, teremos os políticos que merecemos! Ou, que o próprio meio oferta e oferece!

Aprendemos e ensina-nos a Doutrina Espírita que a transformação, a mudança, a reforma do mundo e da sociedade, começa em nós mesmos! Em cada um de nós! Em nossa intimidade. Resultado, se não nos autoeducarmos, se não educamos nossos filhos, parentes, amigos e etc. não adianta aguardamos uma sociedade melhor, um mundo mais justo, se não fizermos e/ou não fazemos a nossa parte, ou por merecê-los.

Diz-nos Allan Kardec, em várias passagens da Codificação (1), e nô-lo confirma a Espiritualidade Amiga, que só existem Espíritos maus ao redor da Terra em razão de os habitantes desta mesma Terra serem maus igualmente, pelo menos, a grande maioria. E eles falam mais, dizem que se mudarmos, os Espíritos que pululam em volta Terra (e à nossa volta) também mudarão.

E isto vale, igualmente, para os políticos, parentes, vizinhos, companheiros, família e etc. Tudo isto é reflexo daquilo que somos, assim como o meio é o reflexo dos Espíritos que nele vivem e o compõe.

Observamos as pessoas, claro, brasileiros, tentando levar vantagem em tudo o que fazem. Até na fila de um supermercado; no material descartável de dentro de sua casa, descartando-o pela janela, seja de casa ou do carro, distribuindo-os pelas ruas da mesma cidade em que vivem; no trânsito, fechando outros motoristas, ou dirigindo bêbados por aí, ou, o mais comum, fazendo pegas; ao pegarem um ônibus, em cujo momento vão empurrando uns aos outros e etc.; ao entrarem, de modo desgovernado e estabalhoado, para as salas de aulas; ou, no condomínio em que vivem... Sempre tentando passar alguém para trás e levar alguma vantagem, por mais pequena, imbecil e inútil que esta seja. Está aí a postura, os pensamentos e sentimentos de nossos políticos: Levar vantagem e ser o tal. O mais experto... O que chega na frente... Aquele que fica por cima da batata quente.

Obviamente que todos estes comportamentos nos trarão dores, sofrimentos e aflições, no hoje (de modo imediato, repercutindo em nossos sentimentos e em nossas disposições íntimas, negativistas, depressivas etc.) ou no amanhã. No amanhã desta vida, ou no amanhã de uma outra vida, seja ainda aqui nesta Terra ou em algum outro recanto de nosso maravilhoso Universo. O certo é que, certamente, consequências terão e virão. Inapelavelmente! E não poderão ser consequências felizes, uma vez cujos atos e comportamentos (sementes semeadas) que os geraram não foram felizes!

Por isto, vemos tantos sofrimentos pelo mundo, na intimidade das famílias, dentro das sociedades e etc. Os quais, muitas vezes, não julgamos ou vislumbramos corretamente. Mas que, na medida em que formos compreendendo a Doutrina Espírita, e, vamos também, vendo melhor nossos comportamentos e atitudes, entenderemos e passamos a detectar a fonte, a razão de ser e a origem destes mesmos males que sofremos e que nos afligem!

Claro que minhas ponderações não justificam o comportamento de nossos políticos. Até que explica, mas não justifica! Mas, eles terão de prestar conta de suas atitudes e ações. Do mesmo modo, nós igualmente. Portanto, mais importante, para mim e para cada um, é dar-me conta de quais tem sido meus exemplos.

E isso aí! 

Vamos pensar!

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(1)  "Os maus Espíritos somente procuram os lugares onde encontrem possibilidades de dar expansão à sua perversidade. Para os afastar, não basta pedir-lhes, nem mesmo ordenar-lhes que se vão; é preciso que o homem elimine de si o que os atrai. Os Espíritos maus farejam as chagas da alma, como as moscas farejam as chagas do corpo. Assim como se limpa o corpo, para evitar a bicheira, também se deve limpar de suas impurezas a alma, para evitar os maus Espíritos. Vivendo num mundo onde estes pululam, nem sempre as boas qualidades do coração nos põem a salvo de suas tentativas; dão, entretanto, forças para que lhes resistamos." (Allan Kardec, O Evangelho Segundo  o Espiritismo , cap. 28, item 16, FEB.)

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