quinta-feira, 4 de outubro de 2012

IR À IGREJA

Por volta de meus 10 anos, meus pais obrigavam-me ir à igreja; era ir ou apanhar. Sempre que podia dava um jeito de me safar desta imposição. Antes, até gostava de ir! Mas, na medida em que não encontrei substancialidade passei a não gostar. E não gostava porque via muitas coisas que não batiam com o que ouvia dentro dela.

Não sei se é estranho ou não, mas as coisas não mudaram... Às vezes, me parece que até pioraram.

Enfim, assim caminha a humanidade (da qual somos partes)!!! Falamos o que não fazemos. Emitimos opiniões sobre o que não conhecemos... Damos como certezas "coisas" da qual não fazemos a menor ideia... e assim vai...

Exemplos!

Dizemos certas coisas e agimos de modo totalmente contrário...

Honramos apenas com os lábios!

Basta observarmos nossas atitudes e comportamentos:

Onde a compreensão? A aceitação? O perdão?   

Excomungamos os que não partilham de nossas ideias e crenças...

Outro exemplo:

Falamos em honrar pai e mãe, mas nas ações diárias não vemos nada disso!

Poderíamos tecer centenas de milhares de exemplos semelhantes...

Tudo isto me faz lembrar as palavras de Jesus:

"Este povo honra-me com os lábios, mas seu coração está longe de mim" (Mateus 15:8).

Entendeu?!!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

EM TORNO DE JESUS EP04: SOBRE MARIA

Realmente, não encontramos muitas informações sobre Maria de Nazaré nos Evangelhos. No entanto, o objetivo dos Evangelhos não são exatamente biográficos, conforme falamos anteriormente. E, principalmente, relativamente à Maria de Nazaré.

Os Evangelhos são a Boa Nova, eles contém elementos e informações, para serem um roteiro de vida para quem queira, são incentivos para que busquemos mudar nossa mentalidade (Metanoia (1)), a nossa visão... os nossos objetivos na vida. Com esta intenção, foram redigidos.

Fora do meio espírita, no catolicismo, encontramos uma vasta literatura sobre Maria, porém falar sobre esta literatura é complicado. Já nos terrenos do evangelismo, não encontramos nada. Todas as correntes evangélicas, sem exceção, fazem silêncio absoluto sobre isto. Agora, e quanto a nós - os espíritas?... Bem, no que tange à literatura mediúnica, temos alguma coisa sim.

O livro mais antigo que nos dão alguns vislumbres acerca de Maria de Nazaré é o Perdoo-te, e com subtítulo: Memórias de um Espírito (ou, Te Perdono!, em espanhol, a língua mater do mesmo), o qual foi copiado e anotado por Amália Domingos Soler.

Mais próximos a nós, obtemos informações um pouco mais amplas no livro Memórias de um Suicida, de psicografia da médium Yvonne do Amaral Pereira, onde obtemos noticias mais extensas do labor e a respeito das atividades de Maria no Plano Espiritual.

Depois de Yvonne, quem nos trouxe bem mais material acerca de Maria de Nazaré foi Francisco Cândido Xavier, o nosso querido Chico Xavier. Através dele, principalmente, o Espírito Humberto de Campos, presenteou-nos vários contos, apólogos e crônicas utilizando a figura de Maria. Além de Humberto de Campos ou Irmão X, vários outros Espíritos nos apresentaram verdadeiras odes, através de seus poemas, os quais são verdadeiros cantos, à virgem e doce Maria, símbolo da Mãe Universal.

Entretanto, o único médium, até hoje, que nos brindou especificamente com a história de Maria, foi outro mineiro, o nosso caro João Nunes Maia, no livro de mesmo nome - Maria de Nazaré -, de autoria do Espírito Miramez. Esta é a melhor obra mediúnica que temos a respeito deste tema, a qual trata direta e pormenorizadamente sobre a trajetória e a vida da nobre Donzela.

Outra obra existente narrando, romanescamente, a vida de Maria e Jesus é o livro de Roque Jacintho, Maria de Nazaré, da coleção Relatos do Evangelho. Nele Jacintho narra a história e a vida de Maria com bases nas passagens evangélicas, mas, suas narrativas acerca de Maria, possuem um toque de realismo e mais conducentes e próprios ao que deveríamos esperar de Espíritos Superiores, já alçados ao grau dos Espíritos Puros.

Agora, além destas obras, que referenciamos acima, encontraremos uma menção aqui e outra ali, em torno de Maria. Até mesmo na Codificação, vamos observar esta ocorrência em uma ou duas das Revistas Espíritas. Afora estas duas revistas, as outras obras em que Kardec abordou, "em passant", o tema, foram O Evangelho Segundo o Espiritismo e A Gênese, aonde o codificador fala a partir do ponto de vista do homem do mundo (2), porém, sem deixar de reconhecer a nobreza da Virgem.

Assim, Kardec aceita a narração histórica, admitindo irmãos para Jesus e não traça mais considerações quanto à Maria além das que se encontra em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIV, tópico QUEM É MINHA MÃE E QUEM SÃO MEUS IRMÃOS?

Já em seu último livro, A Gênese, Kardec promete (inclusive, na mesma passagem citada em referência no rodapé desta página), abordar o tema com mais vagar e propriedade, porém ele não teve a oportunidade de cumprir a promessa em razão de seu retorno à Pátria Espiritual. E, desse modo, na Codificação, ficou este vago.

Portanto, não é de se estranhar observarmos tanta contradição quando o assunto é Maria de Nazaré, onde uns à veem como uma mulher um pouco acima do vulgo e outros como uma santa. Mas, este é tema para o próximo capítulo!



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(1) Metanoia é uma palavra de origem grega (μετάνοια, metanoia) e significa arrependimento, conversão (tanto espiritual, bem como intelectual), mudança de direção e mudança de mente; mudança de atitudes, temperamentos; caráter trabalhado e evoluído. Vide: http://pt.wikipedia.org/wiki/Metanoia
(2) "A estada de Jesus na Terra apresenta dois períodos: o que precedeu e o que se seguiu à sua morte. No primeiro, desde o momento da concepção até o nascimento, tudo se passa, pelo que respeita à sua mãe, como nas condições ordinárias da vida." (A Gênese, cap. Os Milagres do Evangelho,  item 65, tópico Desaparecimento do Corpo de Jesus.)

PORQUE SOU REENCARNACIONISTA!

                       Ser reencarnacionista não é o problema, este fica por conta de não sê-lo. Sem a reencarnação milhares de situações, circunstâncias, ocorrências etc ficam sem explicações. Desde as questões evolucionistas aos problemas físicos, psicológicos e religiosos. Sim, isto mesmo! Senão vejamos:

                      Peguemos o sinal de Caim, descrito no livro Gêneses da Bíblia. Como explicá-lo? Como entendê-lo? Esta é uma questão religiosa que a reencarnação esclarece e explica. "E pôs o Senhor Deus um sinal em Caim...." (Gn 4:15)  Mas que sinal é este? Por que? Para que? Se formos olhar pela lógica de uma única vida, esse sinal acaba sendo uma premiação: "...para que não o ferisse quem quer que o encontrasse." (Ibdem.)  Já não ocorrerá o mesmo se aceitarmos a reencarnação. Como?!

                     Bom, a reencarnação anda de mãos dadas com a Lei de Ação-Reação(*). Uma é o complemento da outra, pois não há possibilidades da Ação-Reação completar seus processos sem a Reencarnação. Porque, muitas "coisas" não conseguirão retornar em tempo hábil de uma única vida.

                     Na verdade, o sinal de Caim tem mais haver com a Lei de Ação-Reação(*). O sinal é o retorno, o efeito ou a marca da consequência daquilo que pusemos em movimento. É a colheita da semeadura! No caso de Caim, são os registros da consequência de ter matado seu irmão. É certo que as consequências, em muitos casos e circunstâncias, começam desde a vida presente; mas, é impossível que o ciclo se feche ou se complete numa única vida. Assim, quando renascemos trazemos o sinal impresso em nosso organismo, quer seja no campo físico, emocional ou psicológico. São os problemas, as doenças, as restrições,  os transtornos etc resultantes das ações, digamos, negativas. Ou as aptidões, pendores, talentos, marcas de nascenças, habilidades etc advindas de ações positivas ou não necessariamente. O que determinará se positivo ou negativo será a direção das "forças", isto é, sentimentos, atitudes, comportamentos, pensamentos, ações, emoções etc que pusemos, estabelecemos ou alimentamos. A priori, o retorno é proporcional à força posta em movimento. Porém, pode acontecer desta força ser alimentada, reforçada, revigorada e etc em seu percurso, o que levará, ao final, que retorne à sua fonte original com mais peso e consequências...

                      Mas, retomando à questão reencarnacionista, como explicar as simpatias ou antipatias imediatas que temos por indivíduos que nunca vimos antes, ou que conhecemos a tão pouco tempo? Não que 100% dos casos sejam explicados através da reencarnação; mas, certamente, uma parte - pequena ou não - certamente!

                     E as crianças que nascem trazendo "facilidades" em certas áreas ou, mesmo, aptidões? A maioria dos argumentos propostos para estes casos não se sustentam. Além do que, encontramos estas crianças tanto nascidas na pobreza como em casas de opulência. Só este fato derruba mais da metade dos argumentos. Agora, e quanto às crianças que nascem com problemas graves e insolúveis? Nestas circunstâncias, defender a existência única é afrontar e blasfemar contra a Divindade, uma vez que esta estaria distribuindo privilégios aleatoriamente, sem maiores critérios, ou aplicando punições descabidas e sem sentido. No entanto, a reencarnação nos esclarece que estes são os sinais de Caim. O que faz todo sentido! Numa lógica impecável, justa e, ao mesmo tempo, amorosa.

                     Sob o ponto de vista da evolução humana, nada mais claro que numa única existência é impossível alcançar um progresso que faça uma diferença maior, nas áreas referidas linhas atrás. Em qualquer delas! Não há como resolvermos todos os nossos problemas numa única existência. E, por isto mesmo, as igrejas criaram a figura do Inferno.

                     Particularmente, não creio que um Ser Supremo, ou seja o nome que lhe designemos, expressão do Amor mais puro, incondicional, bondade absoluta, possa convir com visão tão absurda e canhestra quanto esta! Já a reencarnação me fala da bondade de Deus, de sua misericórdia infinita... de seu amor... de sua sabedoria... Enfim, de todos os atributos sublimes que lhe possamos atribuir. Através dela, o maior pecador, o maior criminoso tem chances e possibilidades de se melhorar, de se reerguer da lama e sair à plena luz. Isto sim, para mim, está conforme a visão de um Deus de amor e de bondade!

                    A reencarnação me ensina que estou em evolução, que vou acumulando conhecimentos, experiências, informações... que meu trabalho continua sempre. O preguiçoso cresce pouquinho, mas aquele que se esforça, seu trabalho não é perdido, sua semeadura frutificará nas estações corretas, no devido tempo. A reencarnação soluciona os conflitos nos esclarecendo que encontrar-nos-emos, de novo, frente a frente com as lições, no reajuste dos próprios erros, atos etc. Portanto, não dá pra não ser reencarnacionista!

                    A reencarnação esclarece que vou poder reencontrar quem amei, vou encontrar novamente com os amigos, com quem criei laços de afeto. E, ao mesmo tempo, ela me informa que vou poder modificar as disposições equivocadas originadas da ignorância, de uma mente ainda bracejando na infância... Vou poder harmonizar-me com quem teci teias de desequilíbrio e desarmonia. Exatamente, por ter novas oportunidades, vou ter novas chances de transformar os inimigos em amigos. Assim, a reencarnação é um canto ao Amor, um hino à harmônia, uma canção à paz! Portanto, diante disto, não dá pra ser não reencarnacionista!

                    Conforme Emmanuel nos explica com sabedoria: "Unicamente a reencarnação esclarece as questões do ser, do sofrimento e do destino. Sem ela, a existência terrena representaria turbilhão de desordem e injustiça; à luz de seus esclarecimentos, entendemos todos os fenômenos dolorosos do caminho. O homem ainda não percebeu toda a extensão da misericórdia divina, nos processos de resgate e reajustamento. Entre os homens, o criminoso é enviado a penas cruéis, seja pela condenação à morte ou aos sofrimentos prolongados. A Providência Divina, todavia, corrige, amando... Não encaminha os réus à prisões infectas e úmidas. Determina somente que os comparsas de dramas nefastos troquem a vestimenta carnal e voltem ao palco da atividade humana, de modo a se redimirem, uns à frente dos outros."                   

Diante de tudo isto: Viva a reencarnação, cântico do Amor Divino em favor de todas as criaturas!!! Através de cujas portas podemos evoluir, crescer, aprender a perdoar e trabalharmos para sermos cada vez melhores! Hoje, homens comuns aperfeiçoando-se dia a dia; amanhã, representando o grande futuro, Anjos! Depois, quem sabe!...



(*) LEI DE AÇÃO-REAÇÃO: Ou Lei de Causa e Efeito, é umas das leis universais. Tem suas expressões nos campos físicos tanto quanto no moral, espiritual e etc. No campo físico foi postulada por Newton, onde diz: "Toda ação provoca uma reação de igual intensidade, mesma direção e em sentido contrário". Nos campos além da simples matéria, seu postulado nos informa que toda e qualquer ação terá reação devida e correspondente no tempo e espaço.                                        

André Luiz nos esclarece em Ação e Reação: "Sim, o «carma», expressão vulgarizada entre os hindus, que em sânscrito quer dizer «ação», a rigor, designa «causa e efeito», de vez que toda ação ou movimento deriva de causa ou impulsos anteriores. Para nós expressará a conta de cada um, englobando os créditos e os débitos que, em particular, nos digam respeito. Por isso mesmo, há conta dessa natureza, não apenas catalogando e definindo individualidades, mas também povos e raças, estados e instituições."                                         

Emmanuel em À Sombra do Abacateiro, nos adverte: ""Lembramo-nos da Lei de Causa e Efeito apenas em matéria de sofrimento, mas ela funciona também para o bem. Quem faz o bem, queira ou não, será recompensado... O Senhor manda que o mal seja corrigido e o bem seja estimulado em benefício de cada um de nós..."


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

CRISES



“Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora.” - Jesus. (João. 12:27.)


A lição de Jesus, neste passo do Evangelho, é das mais expressivas.

Ia o Mestre provar o abandono dos entes amados, a ingratidão de beneficiários da véspera, a ironia da multidão, o apodo na via pública, o suplício e a cruz, mas sabia que ali se encontrava para isto,  consoante os desígnios do Eterno.

Pede a proteção do Pai e submete-se na condição do filho fiel.

Examina a gravidade da hora em curso, todavia, reconhece a necessidade do testemunho.

E todas as vidas na Terra experimentarão os mesmos trâmites na escala infinita das experiências necessárias.

Todos os seres e coisas se preparam, considerando as crises que virão. É a crise que decide o futuro.

A terra aguarda a charrua.

O minério será remetido ao cadinho.

A árvore sofrerá a poda.

O verme será submetido à luz solar.

A ave defrontará com a tormenta.

A ovelha esperará a tosquia.

O homem será conduzido à luta.

O cristão conhecerá testemunhos sucessivos.

É por isso que vemos, no serviço divino do Mestre, a crise da cruz que se fez acompanhar pela bênção eterna da Ressurreição.

Quando pois te encontrares em luta imensa, recorda que o Senhor te conduziu a semelhante posição de sacrifício, considerando a probabilidade de tua exaltação, e não te esqueças de que toda crise é fonte sublime de espírito renovador para os que sabem ter esperança.

- Emmanuel em Vinha de Luz, cap. 58.